Simulador do INSS não reflete a realidade e põe aposentadoria em risco

O simulador oficial do INSS se baseia exclusivamente nas informações disponíveis no CNIS

Ferramenta criada para facilitar o planejamento previdenciário dos brasileiros, o simulador de aposentadoria do INSS tem se tornado uma armadilha silenciosa para milhares de segurados. Ao confiar unicamente nos dados do Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), o sistema ignora detalhes essenciais da trajetória profissional de cada cidadão, o que pode levar a erros graves no cálculo do tempo de contribuição e do valor dos benefícios.
Apesar de sua popularidade, especialmente entre os que se aproximam da idade mínima para aposentadoria, especialistas alertam: a ferramenta não substitui uma análise previdenciária profissional e pode estar induzindo trabalhadores a decisões precipitadas.
 
Um sistema cego às nuances da vida real
O simulador oficial do INSS se baseia exclusivamente nas informações disponíveis no CNIS, um banco de dados que, segundo o advogado previdenciarista Renato Stecca, “reflete apenas o que foi corretamente informado por empregadores e sistemas ao longo dos anos, mas frequentemente apresenta lacunas ou erros.”
Entre os períodos que costumam ficar de fora da simulação estão:
  • Tempo de trabalho rural, comum em regiões interioranas;
  • Períodos de atividade especial, como em funções insalubres ou perigosas;
  • Tempo de serviço público em regimes próprios (RPPS);
  • Serviço militar obrigatório;
  • E até vínculos empregatícios antigos que nunca foram corretamente informados.
“É muito comum encontrarmos casos de trabalhadores que, ao consultarem o simulador, acreditam que não têm direito a se aposentar, quando na verdade já poderiam estar recebendo o benefício há meses, ou até anos”, explica Stecca.
 
O CNIS: base importante, mas imperfeita
O CNIS foi criado com o objetivo de centralizar todas as informações sobre vínculos empregatícios e contribuições ao INSS. No entanto, erros de lançamento, falhas no recolhimento por parte de empregadores, e a ausência de registros em atividades informais tornam o cadastro incompleto para milhões de brasileiros.
Segundo dados internos do próprio INSS, a maioria dos pedidos de aposentadoria indeferidos nos últimos anos estava relacionada a inconsistências ou ausências no CNIS.
 
Benefícios mais vantajosos fora do radar do simulador
Além de não contabilizar todos os períodos possíveis, o simulador do INSS não analisa a possibilidade de concessão de benefícios mais vantajosos, como aposentadorias especiais, tempo de atividade em condições especiais, regras de transição da reforma previdenciária, revisões de aposentadorias ou acúmulo de benefícios.
“O sistema simplesmente aplica uma fórmula genérica. Ele não faz uma avaliação estratégica, como faria um advogado ou contador especializado”, pontua o especialista.
 
O que o trabalhador deve fazer?
  1. Conferir seu extrato do CNIS no site ou app ‘Meu INSS’;
  2. Verificar se há vínculos ou salários de contribuição faltando;
  3. Buscar orientação especializada, preferencialmente com profissionais que atuam com planejamento previdenciário;
  4. Não tomar decisões com base apenas no simulador.
 
Quando a tecnologia não é suficiente
Em um país marcado pela informalidade no mercado de trabalho, confiar exclusivamente em sistemas automatizados pode significar renunciar a direitos adquiridos por décadas de esforço. E no caso da previdência social, cada mês perdido pode representar uma diferença significativa na renda vitalícia do trabalhador.
“Planejar a aposentadoria não é apenas uma questão burocrática, é uma questão de justiça social. E ela não pode ser resolvida por uma simulação rasa feita por uma máquina”, conclui Stecca.
 
Portanto, o simulador do INSS pode ser um ponto de partida, mas jamais deve ser o ponto final. Em um sistema previdenciário cada vez mais complexo, o olhar humano, técnico e atento segue sendo indispensável. Afinal, quando se trata do futuro, nenhum algoritmo conhece a sua história melhor do que você mesmo.
 
Créditos Imagem: Divulgação
Texto: Patrícia Steffanello | Assessoria de Comunicação
Fonte: Dr. Renato Stecca – advogado

Novo programa promete agilizar perícias e benefícios do INSS

Com a sanção presidencial, o programa já está em vigor. A expectativa é que as primeiras ações sejam sentidas nos próximos meses
 
Foi sancionada na terça-feira (9), pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Lei 15.201/2025, que institui o Programa de Gerenciamento de Benefícios (PGB) do INSS. Criado para acelerar revisões e reavaliações de benefícios previdenciários e assistenciais, o programa também busca reduzir a histórica fila de atendimento do instituto, que nos últimos anos tem deixado milhões de brasileiros em compasso de espera. A medida tem origem na Medida Provisória 1.296/2025, aprovada pelo Senado em agosto, e valerá inicialmente por 12 meses, com possibilidade de prorrogação até 31 de dezembro de 2026.
A lentidão crônica nos processos do INSS, intensificada desde a pandemia, se transformou num dos maiores gargalos da administração pública federal. Atualmente, mais de 1,5 milhão de requerimentos aguardam análise, segundo dados do Ministério da Previdência Social.
O novo programa pretende atacar esse problema com força-tarefa, metas e pagamento extraordinário a servidores, incluindo peritos médicos federais, que atingirem os objetivos estabelecidos.
A proposta é atuar em múltiplas frentes: revisões legais já previstas, análise de processos parados há mais de 45 dias, cumprimento de decisões judiciais vencidas, perícias médicas e avaliações sociais do BPC (Benefício de Prestação Continuada), especialmente em áreas sem oferta regular de atendimento.
 
Pagamento por produtividade: incentivo ou risco?
Um dos pontos mais debatidos da nova lei é o pagamento extraordinário por produtividade. Os servidores que integrarem as equipes do PGB poderão receber valores adicionais caso atinjam metas pré-estabelecidas de revisão e análise de processos.
Críticos da medida temem que o incentivo financeiro possa pressionar por decisões apressadas e, eventualmente, levar à negação indevida de benefícios. Já o governo defende que os critérios serão acompanhados de perto e com transparência garantida.
Durante a tramitação no Congresso, a relatora da proposta, senadora Zenaide Maia (PSD-RN), acatou emendas para garantir a publicação periódica de resultados nos portais do INSS e do Ministério da Previdência. Também foi incluída a exigência do uso de tecnologias acessíveis para facilitar a comunicação com os beneficiários.
 
Quem vai acompanhar a execução do programa?
Para fiscalizar a aplicação do PGB, será criado um comitê de acompanhamento, composto por representantes do Ministério da Previdência Social, da Casa Civil, do Ministério da Gestão e Inovação e do próprio INSS.
Esse grupo será responsável por monitorar o cumprimento das metas, avaliar o impacto das ações e propor ajustes, caso necessário.
 
Impacto social: agilidade pode aliviar sofrimento de milhões
A morosidade na concessão de benefícios como aposentadoria, pensão por morte, auxílio-doença e BPC tem um impacto direto na vida de milhões de brasileiros, muitos deles em situação de extrema vulnerabilidade.
Para especialistas em direito previdenciário, a implantação do PGB representa um avanço necessário, mas será preciso garantir que a celeridade não venha às custas da qualidade e da justiça das decisões.
“O que se espera é que a medida reduza a fila sem sacrificar os direitos dos segurados”, afirma o advogado previdenciário Rodrigo Fagundes. “Mas isso só será possível com controle rigoroso, transparência e espaço para correções de rota.”
 
Próximos passos
Com a sanção presidencial, o programa já está em vigor. A expectativa é que as primeiras ações sejam sentidas nos próximos meses, especialmente com o reforço nas perícias médicas e análises paradas há mais de 45 dias.
A prorrogação do PGB dependerá dos resultados apresentados e da análise do comitê gestor. Para os segurados, resta acompanhar com atenção e buscar seus direitos diante de qualquer irregularidade.
 
Créditos de Imagem: Pixabay 
Texto: Patrícia Steffanello | Assessoria de Comunicação
Fonte: Agência Senado
 
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